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Festa do Divino

Vemos patrimônio como registro de nossa memória. Fazemos parte do que Darcy Ribeiro chamou de “Brasil Caipira” e nos identificamos como nazareanos na Festa Do Divino. A festa é importante , está presente nas histórias contadas pelos nossos antepassados como um momento de comunhão na memória coletiva.

Contam os moradores mais antigos, como o senhor Constante Aparecido de Oliveira, que entrevistamos, que há muito tempo a cidade era ocupada na semana da festa pelos moradores da área rural. Vinham para participar das celebrações religiosas, traziam consigo a comida e demais objetos que compunham uma economia de subsistência, compartilhando com a família e com os conhecidos o lar provisório, preparado para a festa dos dias 26, 27, 28 e 29 de junho.

A festa era feita a partir de doações, prendas eram oferecidas conforme as condições de cada um: animais e garrafões de vinho eram as mais comuns, destinadas aos leilões e ao preparo de refeições coletivas, como o café com paçoca de amendoim ou de carne, e o afogadão.

A festa passou por mudanças mas, sua essência permaneceu . A arrecadação das prendas, o convite para a festa e as refeições são preparados pelos festeiros com o apoio dos devotos. Na “Folha Metropolitana” de 1979, encontramos a afirmação “todos os habitantes de Nazaré Paulista,(...) contribuíram com dinheiro e bens” (Folha Metropolitana,p.4).

A parte religiosa começa com a alvorada, procissão matinal, acompanhada por fiéis com suas bandeiras do divino, orações são cantadas durante o trajeto, que parte do império, local que abriga os símbolos de festa, para a Igreja. Após a cerimônia religiosa é servida na casa da festa, também chamada de tigüera, o café com paçoca.

À noite é feita uma nova procissão, que conduz o Divino da Igreja para o Império, então serve-se novamente café com paçoca.

No último dia da festa, na parte da manhã os festeiros passam pelas principais ruas da cidade , pedindo esmola aos fiéis, em sinal de humildade. No almoço, serve-se o afogadão. À tarde é feita a procissão final, com andores de São Benedito, São Pedro e do Divino, encerrando-se a festa na Igreja Matriz com uma missa final, onde a coroa é entregue para os próximos festeiros, que se apresentam à comunidade.

Durante os dias de festa, amigos distantes se reencontram, as afetividades são despertas pela vivencia de outros tempos, preservados nos sons, sabores e cheiros de mais uma festa do divino.

Por Elizabete de Oliveira

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